A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cemitério Medieval das Barreiras no Distrito de Braga em Portugal: enterramentos contemporâneos à Peste Negra

Aspecto das sepulturas do "Cemitério Medieval" com enterramentos datados entre os séculos XI e XIV, localizado no lugar Barreiras, Freguesia de Fão, Conselho de Esposende, Distrito de Braga ao norte de Portugal. Imagem disponível on-line em: http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-LitoralNorte/O+Parque/Valores+Culturais/Patrim%C3%B3nio+cultural/?res=1024x768


Do verbete da Wikipédia: a Enciclopédia livre, intitulado "Cemitério medieval das Barreiras", modificado pela última vez, as 10h35min de 15 de janeiro de 2009.



O Cemitério medieval das Barreiras, situado no lugar das Barreiras, freguesia de Fão, no concelho de Esposende, é um dos exemplares mais importantes do conjunto de cemitérios pertencentes à Idade Média européia. Escavado desde 1989, revelam-se uma série de sepulturas feitas com pedras avulsas, com tampa. Pelo tamanho das sepulturas e pelos restos de ossos analisados pode-se identificar a idade, sexo e o estado de saúde das pessoas que ali foram enterradas.
Mapa do Conselho de Esposende, no Distrito de Braga, norte de Portugal. O lugarejo de Barreiras localiza-se na pequena Freguesia de Fão, próxima a foz do Rio Cávado no Oceano Atlântico. Imagem disponível on-line em: http://www.agenda.pt/iframe.php?subcat=ESPOSENDE


De uma cronologia que remonta ao séc. XI à entrada da Peste Negra em Portugal (Século XIV), foram exumados cerca de quase duas centenas de ossadas. Com o advento de modificações climatéricas ocorridas nesse período o cemitério das barreiras foi coberto pelas dunas e as gentes que por ali habitaram foram deslocadas mais para o interior e para a margem norte do rio Cávado.

As sepulturas apresentam-se orientadas à regra mediévica: cabeça para ocidente e pés para oriente. Muitas vezes as sepulturas eram reaproveitadas, vendo-se em algumas 4 enterramentos. Os sepultamentos eram feitos sem caixão e o corpo deveria estar envolto numa mortalha, em posição decúbito supino. Algumas sepulturas apresentam-se em forma antropomorfa e existem algumas, não raras, imobilizações para a cabeça do defunto, usando pedras ou até mesmo telhas para tal.

Posteriormente ao depósito do morto no interior da sepultura, esta era cheia com terra e depois colocada a tampa e novamente coberta com terra. À cabeceira, ficaria uma pedra mais elevada, a servir de estela ou indicação da localização do sepultamento. Foram ancontradas algumas moedas da primeira dinastia (Dinastia de Borgonha ou Afonsina), escórias de ferro e muita cerâmica da época.


Cemitério Medieval de Barreiras em 2008, apesar de sua importância é ameaçãdo pela especulação imobiliária local. Imagem disponível em: http://solasrotas.blogspot.com/2008_10_01_archive.html



Bibliografia

CUNHA, E.; Araújo, T.; Marrafa, C.; Santos, A.; Silva, A.M. (1990/92). Paleodemografia da população medieval de Fão: resultados preliminares, Boletim Cultural de Esposende, vol. 17, Câmara Municipal de Esposende, Esposende, 1990-1992, pp. 127-136.

CUNHA, E.; Araújo, T.; Marrafa, C.; Santos, A.; Silva, A.M. (1992). Paléodémographie de la population médiévale portugaise de Fão: Résultats préliminaire. Rivista di Antropologia, vol. 70, pp. 237-245.



CUNHA, E.,Paleobiologia das populações medievais portuguesas. Os casos de Fão e S. João de Almedina, Dissertação de Doutoramento apresentada para a obtenção do grau de Doutor em Antropologia, apresentado à Faculdade de Ciências e Tecnologia da universidade de Coimbra, Coimbra, 1994.



ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de, Carta arqueológica do concelho de Esposende, Boletim Cultural de Esposende, vol. 13/14, Câmara Municipla de Esposende, Esposende, 1988, pp. 26-32.



ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de, et alii, Necrópole Medieval das Barreiras - Fão, Boletim Cultural de Esposende, vol. 17, Câmara Municipla de Esposende, Esposende, 1990-92, pp. 111-126.


Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio_medieval_das_Barreiras

Sobre as polêmicas e ameaças locais (Vila de Fão) ao Cemitério Medieval:

http://conversadocafe.blogspot.com/2009/04/cemiterio-medieval-com-barreiras-sera.html

Um comentário:

  1. Muitos sítios cemiteriais antigos vêem cada vez mais ameaçados devido a expeculação imobiliária. Alguns, nem tão antigos...
    Cemitérios são assim: se não são "escondidos" pela invasão mata, são "enterrados" pela expansão das cidades.

    Gosto muito do seu blog e das reportagens que aqui são postadas.
    Prova que cemitério também é lugar de cultura e informação.

    Beijos mil!

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