A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Jerusalém: Túmulo do século I pode esconder exemplo mais antigo de arte cristã


Ossários têm inscrições em grego e uma imagem que remete para a história de Jonas

Jonas na boca de um peixe, num túmulo em Jerusalém. Imagem disponível em 02/03/2012 no site: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53273&op=all


Notícia publicada em 28/02/2012 no site CiênciaHoje - Jornal de Ciência, Tecnologia e Empreendorismo ( http://www.cienciahoje.pt ).


A exploração arqueológica, em 2010, de um túmulo intacto do século I, em Jerusalém, revelou aquilo que pode ser a mais antiga imagem cristã. A investigação foi feita utilizando uma câmara robótica que mostrou um conjunto de ossários em pedra calcária, gravados com uma inscrição grega e uma imagem que os especialistas identificam como sendo “claramente cristã”.

A inscrição grega de quatro linhas num dos ossários refere-se a deus “elevando” ou “erguendo” alguém e a imagem esculpida na pedra num ossário adjacente mostra um peixe muito grande com uma figura humana na boca. Os especialistas consideram que se trata da evocação da história de Jonas, profeta do Antigo Testamento.

No relato bíblico, Jonas foi engolido por um peixe, no mar Mediterrâneo, quando fugia de uma missão que lhe tinha sido destinada na Assíria pelo próprio Deus de Israel. Passou três dias e três noite na barriga do peixe antes de ser regurgitado. No Novo Testamento, nomeadamente no evangelho segundo São Mateus, Jesus refere-se ao “sinal de Jonas” como símbolo da sua futura ressurreição, três dias depois de morrer.

As imagens de Jonas na arte paleocristã (século II d. C.), simbolizando a esperança na ressurreição, são bastante comuns, nomeadamente nas catacumbas romanas. Não havia até agora registo de arte cristã relativa ao primeiro século. Os investigadores não acreditam que a imagem tenha sido realizada por seguidores do judaísmo, visto que na cultura judaica não são permitidas imagens de pessoas ou animais.

O túmulo investigado data de antes do ano 70 d. C., altura em que deixaram de ser utilizados ossários devido à destruição da cidade de Jerusalém pelos romanos. Se esta imagem for realmente cristã, será o registro arqueológico mais antigo deste tipo de arte, realizada pelos primeiros seguidores de Jesus.

O estudo está publicado online desde hoje (28/02/2012), num artigo de James Tabor, investigador da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte. A publicação do artigo é simultânea com a edição do livro «The Jesus Discovery: The New Archaeological Find That Reveals the Birth of Christianity», do mesmo autor e de Simcha Jacobovici, professor e realizador. Na próxima Primavera, o canal Discovery vai transmitir um documentário sobre esta descoberta.


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