A morte nos faz cair em seu alçapão, / É uma mão que nos agarra / E nunca mais nos solta. / A morte para todos faz capa escura, / E faz da terra uma toalha; / Sem distinção ela nos serve, / Põe os segredos a descoberto, / A morte liberta o escravo, / A morte submete rei e papa / E paga a cada um seu salário, / E devolve ao pobre o que ele perde / E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII. São Paulo : Ateliê Editorial / Editora Imaginário, 1996. 50, vv. 361-372)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Miranda do Corvo (Portugal): descoberto cemitério da Idade Média

Foram identificadas 29 sepulturas

A arqueóloga Vera Santos (D) e o historiador, António Rodrigues (E), na estação Arqueológica do Calvário de Miranda do Corvo, onde foi descoberta uma necrópole da Idade Média, em Miranda do Corvo, 19 de abril de 2012. (Foto:) ANTONIO VETURA / LUSA. Imagem e legenda disponíveis em 20/04/2012 no site: http://www.cnoticias.net/?attachment_id=92018


Por: Redacção / CBA. Notícia publicada em 19- 4- 2012 às 17: 18 na Seção "Sociedade" do site tvi24 ( http://www.tvi24.iol.pt )


Na sequência de escavações arqueológicas, em Miranda do Corvo, foi descoberto um cemitério da Idade Média, anunciou esta quinta-feira a Câmara Municipal.

De acordo com a agência Lusa, as escavações, que decorriam na zona do calvário, no âmbito do projeto Rede Urbana dos Castelos e Muralhas Medievais do Mondego, destinavam-se à descoberta da muralha do castelo medieval, que ali existiu até finais do século XVIII.

«Viemos para escavar um castelo e descobrimos uma necrópole», disse à agência Lusa a arqueóloga Vera Santos, responsável da equipa de campo que, desde o verão de 2011, procedeu aos trabalhos.

A arqueóloga explicou que, em 40 metros quadrados foram identificadas 29 sepulturas, escavadas 25 e «levantados 38 indivíduos», devido a corpos enterrados em sobreposição.

Uma necrópole «com tantas sepulturas, com uma ocupação tão extensa, com material osteológico tão bem preservado é rara em Portugal», sublinhou a responsável pelas escavações.

«Quando temos sepulturas escavadas na rocha, em granito, falamos em uma, duas, três, no máximo, e quando se fala em necrópole, falamos em sete. Aqui, falamos em 29. O facto de ser em xisto é também muito pouco usual e, normalmente, já não aparecem com tampas e com esqueletos», disse a arquelóga, para quem está, neste caso, «perante uma estação arqueológica digna de registo».

Segundo Vera Santos, a maioria das sepulturas identificadas «são antropomórficas», ou seja, têm forma humana.

O castelo de Miranda do Corvo, que fazia parte da linha defensiva do Mondego, havia sido importante durante o período da reconquista cristã. Dele restam apenas a torre - em que no início do século XX ainda era possível vislumbrar as cantarias quinhentistas -, reconstruída sem suporte documental e atualmente em estado de degradação, e uma antiga cisterna.

Visitas à Estação Arqueológica do Alto do Calvário revelam 29 sepulturas escavadas em xisto, que constituem o um caso “raro” no país. Imagem e legenda disponíveis em 20/04/2012 no site: http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=17603&Itemid=135

«A transformação desta zona numa pedreira e, depois, as obras realizadas nos anos 60 do século XX, delapidaram o sítio, transformando-o e fazendo esquecer qualquer memória de que aqui tenha existido um castelo, pois apenas sobreviveu a torre sineira, completamente descaraterizada, e a cisterna», sublinhou Vera Santos.

A Estação Arqueológica do Alto do Calvário, como foi designada, está aberta ao público até ao final desta semana, com visitas guiadas, no âmbito do Dia Internacional de Monumentos e Sítios, que se assinalou na quarta-feira.



 Sobre: Miranda do Corvo

Miranda do Corvo é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e subregião do Pinhal Interior Norte, com cerca de 7 500 habitantes.
 É sede de um município com 126,98 km² de área e 13 622 habitantes (2006), subdividido em 5 freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Vila Nova de Poiares, a leste pela Lousã, a sueste por Figueiró dos Vinhos, a sudoeste por Penela, a oeste por Condeixa-a-Nova e a noroeste por Coimbra. O território do concelho de Miranda do Corvo é atravessado pelos Rio Ceira, pelo Rio Dueça e pelo Rio Alheda.
Recebeu foral de D. Afonso Henriques a 19 de Novembro de 1136.
 Freguesias no concelho de Miranda do Corvo:
Lamas, Miranda do Corvo, Rio Vide, Semide, Vila Nova
Fonte: http://portalnacional.com.pt/coimbra/miranda-do-corvo/


Mapa de Miranda do Corvo. Imagem disponível em 20/04/2012 no site: http://viajar.clix.pt/mapas.php?c=96&lg=pt&w=miranda_do_corvo




terça-feira, 10 de abril de 2012

Vitória (ES): Vestígios de cemitério antigo em convento

Restos mortais de frei Pedro Palácios podem estar em ossário

Diovani Favoreto, historiadora mostra urna com ossuário que foi encontrada no Convento de São Francisco de Assis, Cidade Alta, Vitória (ES) - Editoria: Cidades - Foto: Ricardo Medeiros. Imagem disponível em 10/04/2012 no site:  http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1173814-historia-revelada-vestigios-de-cemiterio-antigo-em-convento.html  

Por Maurílio Mendonça ( mgomes@redegazeta.com.br ). Publicado em 31/03/2012 - 16h34 - Atualizado em 31/03/2012 - 16h34 na Seção "Cidades" do jornal "A Gazeta" ( http://gazetaonline.globo.com/ ).


Escavações arqueológicas descobriram no Convento de São Francisco, no Centro de Vitória, uma montanha de 1,5 metro de ossos, guardados há décadas. O material também foi encontrado na parede de uma capela. Historiadores acreditam que entre eles possam estar os restos mortais de frei Pedro Palácios, transferidos do Convento da Penha há 403 anos.

Documentos e relatos históricos comprovam que era comum, na época, enterrar ossos na parede da capela. "Pessoas ilustres eram enterradas o mais próximo do altar, como se fosse o mais próximo de Deus", explica Diovani Favoreto, diretora e proprietária do Empório Capixaba, empresa responsável pela pesquisa.

Exposição em parede da capela

Em frente ao convento de São Francisco está a capela de Nossa Senhora das Neves, onde já existe, em exposição, uma área arqueológica, com ossos enterrados na parede da capela. "A descoberta foi feita há alguns anos, quando o espaço era restaurado. Os ossos foram encontrados e protegidos, expostos para visitação", conta Diovani Favoreto, proprietária da Empório Capixaba. O mesmo deve ser feito com o convento.

"Vamos manter o local preservado para desvendar o que aconteceu ali, e deixar tudo para a população poder visitar e cuidar"
 
Cemitérios

O ossário descoberto em outra área do convento foi construído nos anos de 1920. Nele foram reunidos restos mortais de três cemitérios que ficavam no terreno da igreja. Um deles era o das paredes, incluindo as do convento que foram desmanchadas, e que era destinado aos famosos.

Havia ainda o cemitério dos fiéis mais próximos da igreja, e o terceiro, público, que funcionou de 1856 até 1924, quando o convento deu lugar ao orfanato Cristo Rei.

A urna com ossos estava enterrada no pátio do Convento de São Francisco de Assis. Foto: Ricardo Medeiros. Imagem disponível em 10/04/2012 no site: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1173814-historia-revelada-vestigios-de-cemiterio-antigo-em-convento.html
 
Agora os historiadores vão investigar e tentar identificar a época em que essas pessoas morreram e a qual comunidade deviam pertencer.

"Vamos elaborar estratégicas de como investigar melhor esses ossos. Separá-los por época, talvez descobrir a idade dos ossos, se tinha alguma doença (como artrose), até se eram mais pobres, escravos ou da elite. Para, depois, recondicionar todos de volta para o ossuário, que hoje está cheio de infiltrações e é muito úmido, precisando de melhorias", explica o arqueólogo Henrique Antonio Valadares Costa.

Descoberta

Os ossos estavam abaixo da entrada da câmara, localizada embaixo do monumento aos franciscanos, feito pela Prefeitura de Vitória em 1924. Entre a ossada ainda foi encontrada uma urna, que seria de uma senhora rica do século XIX, moradora de Nova Almeida, Serra.

O ossuário é pequeno, com cerca de 3 metros de profundidade, em área de quatro metros de largura.

Mudanças ao longo dos séculos

Pioneiro

O Convento de São Francisco, no Centro de Vitória, foi fundado em 1591, já como convento. Era o segundo do país. Até então, só tinha o de Olinda, em Pernambuco

Aqueduto

O prédio ainda foi o primeiro a receber água encanada (aqueduto), em Vitória. A água ia de Fonte Grande até a cozinha do convento

Despedida

O último guardião franciscano viveu até 1855, data que coincide com o período de epidemia e muitas mortes em Vitória, por conta de doenças como febre amarela e cólera. O prédio ficou abandonado

Padre francês

Em 1924, o convento volta a ser ocupado, agora pelo orfanato Cristo Rei, erguido pelo padre francês Leandro. Foi ele quem mudou o espaço físico do convento e acabou derrubando as paredes onde estavam enterrados pessoas importante da época, como o Frei Pedro Palácios e, talvez, Vasco Fernandes Coutinho Filho

Mudanças

Outras mudanças, como a construção da rua lateral, alteraram o terreno do antigo convento, descobrindo mais dois cemitérios: o usado pela prefeitura, em meados do século XIX, para enterrar as vítimas das epidemias; e um outro, usado pela igreja, para enterrar alguns de seus fiéis mais próximos.